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ACP

Médica psiquiatra publica artigo sobre diagnóstico de Autismo na vida adulta

Embora o Transtorno do Espectro Autista (TEA) possa ser diagnosticado precocemente, antes dos 3 anos de idade, não é incomum que o diagnóstico venha já na idade adulta, condição que atinge cerca de 1% da população, e é vitalícia. Essa síndrome afeta o neurodesenvolvimento, e foi descrita pela primeira vez em 1944, por Leo Kanner.

A descrição das alterações tem, ainda hoje, como pilares para diagnóstico: alterações na comunicação e socialização, além de comportamentos repetitivos e estereotipias.

Cerca de 40 – 70 % dos Autistas têm déficit cognitivo, em diferentes níveis de gravidade, afetando sua capacidade de aprendizado e, como consequência, isso vai se traduzir em dificuldades em gerenciar sua própria vida, e em atingir a independência.

Estudos de uma amostra clínica deixaram evidente que apenas 25% dos TEAS com cognitivo preservado chegam a ter um grau de independência e moram sozinhos, a grande maioria permanece com seus familiares.

Aqueles que não têm déficit cognitivo, que permanecem estudando e se profissionalizando, têm características menos comuns de autismo. Muitos desses indivíduos, entre 25-84%, têm algum transtorno psiquiátrico. Comumente, chegam ao consultório com quadros de depressão, ansiedade, Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), e, possivelmente, recebem o diagnóstico de Autismo pela 1a vez.

Ainda devemos lembrar que, embora o Autismo seja mais comum em meninos, uma parcela de meninas pode ter seu diagnóstico mais tardiamente, por apresentarem com menos frequência alterações cognitivas, e menos comportamentos externalizantes (hiperatividade, impulsividade e problemas de conduta), como uma camuflagem de suas dificuldades.

Nos casos em que o autista foi diagnosticado na infância, seguindo com acompanhamento profissional, ocorre que ele acaba recebendo estímulo precoce e, em muitos casos, goza de uma cognição preservada, manifestando menos características do Transtorno, conseguindo, então, um melhor desenvolvimento, com maiores possibilidades de atingirem uma vida com maior independência.

Conhecendo mais o TEA e o impacto do diagnóstico, devemos reforçar que na presença de limitações cognitivas, não há como saber exatamente onde cada indivíduo teria capacidade de chegar se não estivermos dispostos a investir em acompanhamentos com equipe multidisciplinar, com abordagem em estimulação precoce para obter um resultado ainda melhor.

*Artigo de autoria da Dra. Maria Aparecida Fontana, psiquiatra associada da Associação Catarinense de Psiquiatria (ACP).